domingo, junho 16, 2013

Fragmentos de uma vida que não vivi




... Estou andando a esmo. Com um imenso senso de urgencia de chegar. Mas...onde? É certo que onde estou não é um lugar muito agradável. Está frio. Neva. É noite iluminada por fraca lua. Sei que não posso parar e não posso dormir. Mas não me lembro... Não me lembro... nem de quem sou. Toco minha testa com a mão direita. Sangue. Coagulado. Terá sido esta a causa de minha perda de memória? Olho para o chão. Meus pés que afundam na neve estão calçados com botas militares. De boa qualidade. Provavelmente sou um oficial. Toco minha farda em busca de algum sinal de minha posição. Devo ser um capitão ou algo assim. Minha mão esquerda carrega um machado. Há sangue na sua lâmina. Uma luta corpo a corpo? Sinto que ainda carrego o machado por outro motivo. Há uma ameaça. Sinto no ar. Olho em volta e percebo um vulto, depois outro. Muitos. São lobos. Eles me cercam e acompanham meus movimentos, sem fazer menção de ultrapassar um limite imaginário. O machado pouco me adianta. Se eles avançarem, matarei um ou dois, mas não terei agilidade para acabar com todos. Não tenho outra arma. Meu coldre está vazio. O olhar dos lobos não me parecem ameaçadores. Para eles posso ser quatro coisas e eles ainda não sabem o que sou. Uma presa, um predador, um companheiro ou um concorrente. Se eu conseguir me manter andando, sem me precipitar, até o sol nascer eles me deixarão.

Mas meus olhos pesam...

... muito...

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